Sindipetro articula luta contra retirada de direitos e privatização

Em semana de atrasos

Uma semana intensa, com mobilizações e muito diálogo com os trabalhadores das unidades da Petrobrás no Litoral Paulista. Foi assim que os diretores do Sindipetro-LP conduziram os últimos cinco dias de trabalho, com atrasos na RPBC, Pilões e Alemoa, e rodas de conversa com os trabalhadores das plataformas de Merluza e Mexilhão, no Aeroporto de Itanhaém, e com os petroleiros do Edisa Valongo, em Santos.

Na RPBC, aliás, diante da negativa do GG em recuar na decisão de cortar o “abono da viradinha”, os atrasos não cessaram em nenhum dos grupos de turno desde segunda-feira (11). Os trabalhadores de turno da refinaria seguirão realizando os atrasos até que a gerência retome um direito adquirido que foi arrancado como retaliação à greve.

O saldo desta semana é extremamente positivo. Além de atualizar a categoria sobre os principais problemas e fatos envolvendo a Petrobrás, o Sindicato teve a oportunidade de discutir coletivamente os rumos da categoria e qual a saída para a crise que vive nossa empresa e o país. O trabalho seguirá na próxima semana, atingindo também o Tebar, em São Sebastião, e a UTGCA, em Caraguatatuba.

Construir coletivamente uma saída para a crise
Essa forma de atuação não é novidade. Foi assim em 2015. Antes da vitoriosa greve de 23 dias, que barrou a retirada de direitos em nosso ACT e pautou a luta contra o desinvestimento, foi necessário muito trabalho de base com a categoria para preparar e organizar aquela que viria a ser a maior greve na Petrobrás desde 1995.

Primeiro, alguns atrasos pontuais. Depois, um calendário sistemático de mobilizações. Dessa forma, com muito diálogo, fomos superando uma série de dúvidas e desconfianças que impediam a mobilização da categoria. Dúvidas sobre a possibilidade de ser construída uma greve nacional, desconfiança de que uma greve a partir dos sindicatos da FNP poderia servir de pressão para a adesão dos sindicatos filiados à FUP. Sentimentos legítimos que fomos superando e desconstruindo com muita conversa e trabalho de base.

É este exemplo de atuação sindical que estamos aplicando, mais uma vez, para preparar os petroleiros para uma luta que já está em curso. A venda de ativos está a todo vapor e o desmonte de nossos direitos e do patrimônio da companhia são aplicados das mais variadas formas. Venda total ou parcial de subsidiárias e campos de petróleo; demissões em massa de terceirizados e, agora, também dos diretos através do PIDV 2016; manobras contábeis para recusar o nosso direito à PLR; propaganda mentirosa para inviabilizar nossa luta legítima na Justiça pela aplicação correta da RMNR. Isso sem falar nas condições de trabalho, na dificuldade cada vez maior de desempenhar com qualidade e segurança nossas tarefas no chão de fábrica.

“Sempre ressaltamos que quem faz greve, quem se mobiliza, é a categoria. Não adianta meia dúzia de diretores ter o desejo de lutar, é preciso que os trabalhadores estejam convencidos dessa necessidade. É esse trabalho, de formiguinha, de construção coletiva da luta, que estamos realizando”, afirma Adaedson Costa, coordenador-geral do Sindipetro-LP e secretário-geral da FNP. Em suas intervenções, tem usado uma metáfora muito pertinente sobre a necessária união dos trabalhadores. "Rasgar uma folha e cortá-la aos pedaços é fácil. Agora, tenta fazer isso com uma resma. Não consegue, porque em bloco, unificado, o conjunto de folhas fica forte. É isso o que podemos fazer. Hoje, estão vendendo a Petrobrás aos pedaços para facilitar sua privatização. E, nós, que temos condições de barrar este ataque estamos fragmentados, divididos. A luta não pode ser feita de maneira isolada. A divisão enfraquece, a união nos fortalece".

Fábio Mello, diretor do Sindipetro-LP, ressaltou a importância da categoria se envolver e estar atenta aos informes da entidade. Nesta sexta-feira (15), ele esteve com outros dirigentes no Edisa Valongo e, mais uma vez, sentiu a gestão autoritária que persiste nas unidades administrativas de toda a Petrobrás. “O Sindicato reiteradamente é boicotado e impedido de atuar nessas unidades. Os trabalhadores são constrangidos a entrar, porque escutar o Sindicato parece até crime. Sabemos que o assédio e a pressão são enormes, mas a esses companheiros alertamos que sozinho ninguém avança. Não é por acaso, à toa, que sempre falamos que juntos somos mais fortes. Se quisermos preservar nossos empregos e a nossa empresa, contribuindo assim para o país, não vamos poder nos furtar da luta”.